quinta-feira, 6 de setembro de 2012

The Hollywood Reporter: Nova resenha de “Spring Breakers”




O site The Hollywood Reporter também fez uma resenha sobre o filme “Spring Breakers” após sua exibição de estréia no Festival de Cinema de Veneza. Acompanhe a resenha traduzida abaixo:

ATENÇÃO! Contém alguns spoilers


James Franco, Selena Gomez, Vanessa Hudgens, Ashley Benson e Rachel Korine vão à praia e se drogam na Florida no novo filme de Harmony Korine.

VENEZA – Mesmo com a longa e imprevisível carreira de James Franco, o ator nos dá uma performance bizarra no novo filme de Harmony Korine, Spring Breakers. Fazendo o papel de um gangsta da Florida com trancinhas com miçangas e uma boca cheia de metal reluzente, ele é um cruzamento entre Bo Derek em 10 e Kiel Richard em Moonraker. Em um momento, ele senta em um piano branco e canta uma música de Britney Spears enquanto três garotas com máscaras de ski rosa improvisam uma dança.

Soa bem? Bom, no filme como um todo, a performance de Franco só é interessante até um certo ponto. Pode ser uma das narrativas mais convencionais para Korine, mas isso é basicamente um pouco de pornô dentro da busca de um sonho americano juvenil. Tem um estilo visual hipnótico e uma densa paisagem sonora. Mas também é muito monótono e tematicamente vazio para ser seriamente provocante.

Mais do que por Franco, o perfil do filme será impulsionado pela presença das ex-estrelas-fofas da Disney, Selena Gomez e Vanessa Hudgens entre todas as horas em que usam drogas, se embebedam, tiram as blusas e esfregam corpos. “Poesia em movimento” é como o traficante de drogas e rapper, Alien, interpretado por James Franco descreve a multidão em uma explosão de cerveja na praia. “Biquínis e botas grandes, todos. É sobre isso que é a vida.”

Gomez faz Faith, um membro de um grupo de cristão de jovens que, de alguma forma se aproxima de três meretrizes desmoralizadas que conhece desde o jardim de infância, Candy (Vanessa Hudgens), Brit (Ashley Benson) e Cotty (Rachel Korine, a esposa do diretor). Cotty tem luzes rosas no cabelo enquanto Candy e Brit podem ser definidas por madeixas loiras e sacanas.

Desesperadas para sair de sua cidade universitária, mas com pouco dinheiro, elas pegam armas falsas e martelos e vão assaltar o restaurante de fast-food Chicken Shack, aterrorizando seus clientes e depois incendiando o carro roubado que usaram para o assalto. A adrenalina que começa a partir disso, dá uma dica do que está por vir.

Mesmo antes delas chegarem à Flórida a ação embaralha festas universitárias em vários estágios de embriaguez e se despir. Faith parece inquieta quando seus amigos reencenam o roubo para ela, mas ela ainda assim participa dos lucros como o passeio pela cidade com as garotas em scooters alugados.

Em todo o filme a narração é caracterizada fortemente pela vontade de que as coisas dure para sempre. Korine e o editor Douglas Crise usam repetição de imagens e diálogos para efeito obsessivo. Os visuais do cineasta Benoit Debie com o sol forte nos exteriores, o céu rosa, explosão de neons e lavagens de cores de doces tem um fascínio legal. O cenário musical eletrônico feito por Cliff Martinez e Skrillex que satura cada cena (junto com vários outros hits) não é menos propulsivo do que a música de Martinez em Drive or Contagion. Mas há uma sensação incômoda de que um pedaço de uma substância cheia de hormônios de crescimento foi bombeado ali.

Quando as garotas são presas durante uma festa de pessoas drogadas, elas são transportadas em seus biquínis antes de um juiz as mandarem pagar uma multa ou passar outra noite na cadeia. “Isso não era para acontecer”, diz Faith conversando em sussurros. “Isso não pode ser o fim do sonho.” Na verdade, é o começo do sonho, como Korine doma as coisas em mais uma direção alucinógena.

Alien paga a fiança das meninas e enquanto elas questionam o motivo para isso, sobem a bordo de um carro esporte decorado com cifrões. Com muita arrogância, ele pinta um quadro de auto-glorificação de si mesmo, envolto por dinheiro e um arsenal de armamento.

Faith torna-se desconfortável nessa casa estranha e desprezível. Depois de uma troca tensa na qual ele entra fortemente, ela se irrita com a situação e pega um ônibus para casa. Alien insiste nas meninas restantes, o que sinaliza seu perigo.

Como patos para a água, elas deslizam para a gangue dos crimes, fornecem entretenimento do tipo garota com garota e invertem papéis de dominação sexual com Alien. Logo fica evidente que ele não tem nada sobre essas meninas em termos de seu apetite por excesso. Cotty vai embora após ser ferida por uma bala atirada pelo rival de Alien, Archie (Gucci Mane) e Candy e Brit ficam no comando e fazem isso combinando seus biquínis amarelo fluorescentes, mostrando que o bacanal é como um pirulito azedo que perde o seu sabor.

No entanto, a partir do momento que Alien surge, o filme se torna uma versão mais extrema de um desses vídeos do Saturday Night Live com Justin Timberlake e Andy Samberg em um estilo hip hop exagerado. E enquanto Hudgens e Benson evidenciam uma persuasiva atuação como coelhos psicossexuais, têm pouco a fazer além de serem gostosas e possuírem um olhar sexy. A personagem de Gomez é dada em uma dimensão facilmente esquecida.

Spring Breakers, o filme encharcado de melancolia sonhadora, parece obrigado a não adquirir um status culto.

Dados técnicos:

Onde: Venice Film Festival
Companhias de Produção: Muse Productions, Rabbit Bandini Productions, Radar Pictures
Elenco: James Franco, Selena Gomez, Vanessa Hudgens, Ashley Benson, Rachel Korine, Gucci Mane
Diretor: Harmony Korine
Produção: Chris Hanley, Charles-Marie Anthonioz, Jordan Gertner, David Zander
Produtores executivos: Miles Levy, Ted Field, Aeysha Walsh, Agnes B, Chris Contogouris, Jane Holzer, Vikram Chatwal, Vince Jolivette, Stella Schnabel, Fernando Sulichin, Wicks Walker
Fotografia: Benoit Debie
Design: Elliott Hostetter
Trilha sonora: Cliff Martinez, Skrillex

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